terça-feira, 23 de novembro de 2021

O Metaverso é a escravidão pintada de liberdade.

  Zuckerberg, andando em uma sala de convenção, rodeado por pessoas sentadas, usando dispositivos de realidade virtual.

Isso aconteceu em 2015. De lá para cá, muita coisa evoluiu na inteligência artificial e na realidade virtual, ao ponto da empresa Facebook, que controla e tem a propriedade do Instagram e do Whatsapp, que juntos, detém um monopólio de interligação de – aproximadamente – três quartos da humanidade, mudar de nome e se lançar na empreitada de nos mergulhar – diuturnamente – em um mundo paralelo, o metaverso.

O metaverso é um universo virtual onde as pessoas vão interagir entre si por meio de avatares digitais. Esse mundo foi criado a partir de diversas tecnologias, como realidade virtual, realidade aumentada, redes sociais e criptomoedas.

Segundo disse Zuckberg, quando do anúncio do Metaverso, em outubro de 2021, a interação se dará tanto por avatares, quanto por hologramas e haverá interfaces naturais, através de sensores. A palavra-chave de todo o sistema será a interoperalidade, um sistema onde todos cooperam entre si. A expectativa da Meta é que em 10 anos, esta plataforma esteja operando plenamente, gerando bens e dinheiro virtuais.

Neste metaverso, para o qual os nossos filhos e netos estão sendo preparados e treinados, pelos videojogos, todas as atividades humanas ocorrerão através de representações, avatares, simulacros de nós mesmos, interagindo - diuturnamente - em ambientes virtuais.

Trabalho, diversão, relacionamentos, tudo fluirá através deste ambiente, onde os algoritmos nos conduzirão à sensação de conforto, dentro de nossas bolhas sociais e culturais, apaziguando nossas tensões e reações. Essas bolhas deverão ser aprazíveis o suficiente para captar todas as nossas atenções, de tal forma que não teremos tempo, nem vontade de abandonar este novo universo.

O metaverso é um ambiente criado para que todas as possibilidades, sejam nossos desejos mais íntimos, paixões e pulsões, aconteçam como se estivéssemos dentro de um jogo, meticulosamente planejado para ocupar o que há de mais importante nas nossas vidas, que é o tempo.

Um mundo totalmente digital, imersivo, onde a programação foi ditada pelos dados que – ao longo dos anos de navegação – voce foi depositando nos arquivos do facebook, do instagram e do whatsapp. Rostos, gostos, preferências. as palavras que você mais usa, as frases que lhe convencem, as imagens que lhe despertam comoção, compaixão, amor, raiva, pena.

Um mundo onde – uma vez mergulhados e envolvidos– não saberemos se estamos interagindo com humanos ou com robôs. Perderemos esta noção, os vínculos com a realidade exterior. Estaremos tão entretidos reagindo ao que nos está sendo proposto ali dentro, que não nos será possível desligar.

Acha impossível? Pensemos então de uma forma mais pragmática. Se o um por cento da humanidade que tudo domina resolvesse que, para aumentar ainda mais seu poder e lucro, fosse possível transformar o restante da humanidade em um rebanho dócil e altamente produtivo, qual seria a aposta deles? Lembre-se que, entre esta elite não existem rachas ou atritos, ela é um clã.


Há poucos dias atrás, foi disponibilizada uma calculadora de emissões de carbono, levando para os hábitos de consumo pessoais, nos principais meios de comunicação interativos. Uma simples verificação, quando colocamos nossos deslocamentos e hábitos de consumo na conta, é de que a conta não fecha e que é preciso pisar no freio de emergência.

Se o planeta não possui condições materiais de oferecer uma vida de luxo, riqueza e exuberância para todos, por que não oferecer tudo isso, possibilidades infinitas e realizáveis, dentro de uma caixa fechada, entregue a cada um? Bastam óculos, controles e sensores corporais.

Nossa vida já é totalmente digital. Aos poucos, foi-se implantando, através de algoritmos, da inteligência artificial, uma armadilha de tempo, de forma a capturar nossa atenção e o nosso interesse.

As crianças já nascem – hoje – ligadas a um ambiente virtual. desde a mais tenra idade, tem acesso a dispositivos eletrônicos que retém a atenção delas. já estão treinadas, adestradas, enredadas neste metaverso.

Ora, nada é por acaso. Se o bem mais precioso da vida é o tempo, como explorar este bem, desapropriá-lo de cada um de nós, sem que seja necessário lutar para isto?

Fomos entregando a eles, todas as nossas informações e recebendo – em troca – facilidades. Nos entregam tudo mastigado, pronto para o consumo e isso – cada vez mais – nos impede de raciocinar, lógica e criticamente. Estamos quase sempre entre os nossos, nossa tribo, desenvolvendo práticas e raciocínios próximos.

A ideia – por trás disto – é nos anestesiar cada vez mais, mas nos dando sempre a ideia de participação e de engajamento.

Se alguém conhece os seus segredos, os seus desejos e as suas pulsoes, este alguém é a maquina com quem você inocentemente divide tudo isso.

Cada pesquisa, cada clique, cada busca, cada palavra digitada, cada imagem visualizada vai se somando a um arquivo de informações binárias sobre quem é você.

Incontáveis chaves e sequências organizadas de forma que sua vida não é mais sua vida, é uma simbiose entre a máquina e você. tente agora digitar uma busca em seu navegador. ele sutilmente lhe sugere um elenco de opções, a maioria delas conhecida, amigável e desejavel?

Tudo isso é pensado, planejado, nao existe acaso. nós fomos cobaias em um processo de décadas de estudo, juntando neurociência, psicanálise, inteligência artificial e realidade virtual.

Aos poucos, não precisaremos mais de nenhum bem físico. Se lembra que eu falei dos óculos, controles e sensores corporais? Viveremos em baias, com uma fossa para os dejetos e um cocho para recebermos a ração, mas imersos em uma vida de luxo e ostentação.

Dali daquela baia, operaremos máquinas à distância, participaremos de grandes reuniões, frequentaremos os melhores ambientes, jogaremos nossa sorte, teremos nossos encontros, viveremos nossos amores e nossas paixões, voaremos, viveremos novos mundos.

Quando mergulharmos no Metaverso, em pouco tempo, não seremos mais o que somos. Seremos aquelas réplicas de nós mesmos, entregando mais e mais informações e dados ao programador e até após a nossa morte física, continuaremos interagindo, como bots, retroalimentando mais e mais desejos, paixões e pulsões.

A elite brincando de ser Deus, nos escravizando e – em troca - nos oferecendo a imortalidade ao alcance de um clique.


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